sexta-feira, 8 de junho de 2012

Simplicidade


“Vai diminuindo a cidade, vai aumentando a simpatia,
quanto menor a casinha, mais sincero o bom dia”. (Simplicidade Pato Fu)
             
        Eu vi duas crianças brincando com um carrinho de guia na porta da minha casa, achei muito engraçado a falta de jeito deles em tentar manterem-se em cima do brinquedo todo torto e mal feito, e apesar da falta de jeito dos dois, eles pareciam que tinham descoberto a roda, tamanha era a alegria que estampavam nos rostinhos suados de carregarem aqueles esboços de carrinhos de guia morro acima toda hora. Sem mencionar o perigo dos carros e ônibus que passam no local. Mas isso era o de menos para eles, a grande preocupação deles eram as rolimãs soltando e impedindo-os de completar a decida de quinze metros de asfalto no máximo.
Os meus não eram assim claro...
       Foi muito legal ver estas cenas, e explicar para as minhas filhas que tipo de brinquedo era aquele e que o papai brincou muito com este tipo de brinquedo no meio da rua quando era criança.                                                       Ai pensei! Onde está a simplicidade de outrora? Eu não vejo mais as crianças brincando nas ruas nos fins de tarde com seus pais assentados nos portões. E o que dizer das brincadeiras que fizeram parte da minha infância?  Futebol de rua, queimada, garrafão, tico-tico fuzilado, policia ladrão, pegador, rouba bandeira, brincar na enxurrada, cai no poço...ai...ai... quem não se lembra da tão esperada SALADA DE FRUTAS, que nos deixa com o coração a mil mas nunca acontecia nada de mais...(pelo menos comigo), enfim, enumerei apenas algumas brincadeiras que costumava brincar na rua (de terra) com meus muitos amigos, todos descalços com roupas as vezes rasgadas mas em cada rostinho havia uma expressão de felicidade e de simplicidade. Escureceu... é hora de tomar um banho de caneco ou de bacia com água esquentada ao sol  ( cheia de bolhinhas parecendo que até fervia de tão quente), colocar uma roupa melhorzinha, encharcar no perfume, abusar do condicionador nos cabelos ( gel de cabelos nem pensar), e quando a noite chegava aos poucos a turminha ia se encontrando em um portão qualquer, porém, desta feita as garotas também estavam presentes para bater aquele papo furado, coisas da época da amizade pura e ingênua, era o máximo.
 E o que dizer das casas? Muro era coisa de rico, as casa eram todas cheias de árvores frutíferas, manga, abacate, banana, ameixa, pau doce... Você conhece pé pau doce? Pois é... Em geral, as casas não tinham nem mesmo cercas de arame era uma festa... Os vizinhos se conheciam não só de vista, mas pelos nomes e faziam questão de cumprimentarem-se. Que tempo bom, e eu pude aproveitar graças a Deus.
Que pena que o tempo foi passando e o mundo foi perdendo esta essência, a simplicidade que outrora fizera parte da minha infância hoje não faz parte da infância das minhas filhas. Brincar na rua...quase impossível, ainda que estando eu no portão não tenho coragem de deixar. A simplicidade se foi, a deixamos escapar por entre nossos dedos, o tempo passou, o mundo mudou, a simplicidade de outrora não vejo mais nem em minhas filhas..........QUE SAUDOSISMO!

Hoje, já não conseguimos sermos mais simples como dantes.

Abraços cheios de saudades do meu tempo de criança e de simplicidade.

Diney


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